Obviamente a consecução da reversão patrimonial da ICOMI em favor do estado do Amapá é o processo inicial de uma série de atividades sistemáticas que devem ser analisadas objetivando potencializar o uso desse patrimônio de maneira sustentável, com diminuição gradativa da influência do estado no desenvolvimento da economia local. Trata-se portanto, não só de reverter o patrimônio, mas dar um sentido objetivo para sua utilização racional no intuito de gerar riquezas e dinamizar a geração de emprego e renda, e por conseqüência, melhoria na qualidade de vida dos cidadãos diretamente envolvidos e desenvolvimento sócio-econômico do estado como um todo.
As sugestões que serão apresentadas servem de guia para um estudo das potencialidades do patrimônio revertido, porém não estabelecem uma obrigatoriedade de implantação, visto que se referem a uma análise superficial daquilo que pode ser realizado. Obviamente nos textos aqui apresentados, as ideais e sugestões podem estar exageradas em gênero, número e grau, ao mesmo tempo em que alguma solução mais racional e de fácil implementação pode ter sido esquecida. De qualquer forma, as propostas servem como um ponto de partida no intuito de se estabelecer um parâmetro de análise que possa ser efetivamente verificado, através do estudo das vocações locais e das competências e aptidões regionais. Importante observar que por se tratar de um programa de desenvolvimento sócio-econômico, é imperativa a participação ativa da iniciativa privada como parceira em toda e qualquer atividade que venha a ser desenvolvida, uma vez que a presença do estado tem que se limitar à condução das políticas públicas de desenvolvimento.
Estrada de Ferro
Aproveitar toda a infra-estrutura da ferrovia para utilização sistemática como meio de integração regional - para transporte de passageiros e escoamento de produção local - e promoção do turismo ecológico nas comunidades atendidas pela ferrovia, em especial em Serra do Navio e suas atrações. Utilizar as instalações físicas de estações, pátio e galpão de manutenção para criação de centros comerciais, gastronômicos, culturais, esportivos, educacionais e de entretenimento, além da atividade finalística de apoio as atividades de transporte.
Terminais Ferroviários
Algumas propostas aqui apresentadas podem ser verificadas em outras iniciativas desenvolvidas pelo Brasil. Uma referência direta interessante para observação é o Shopping Estação, localizado em Curitiba – PR. Outra referência análoga é o conjunto Docas do Pará, localizado em Belém - PA. Utilização de parte do equipamento férreo impossibilitado de recuperação para criação do museu da Estrada de Ferro do Amapá, agregando fotos históricas, documentos originais, maquetes de pontos da estrada de relevância arquitetônica e de miniaturas de composições férreas. Utilização de Guias que trabalharam na própria ferrovia em sua época áurea de transporte no estado, valorizando o conhecimento de cidadãos que estão sem atividade profissional e por conseqüência, excluídos do contexto sócio-econômico estadual. Verificar referência.
Criação de mão de obra local para manutenção continuada do empreendimento, com aproveitamento de antigos técnicos da ferrovia atuando como instrutores e de parte do equipamento ferroviário, em cursos de mecânica e conservação estética de vagões e locomotivas, manutenção da linha ferroviária, condução de locomotivas e apoio de terra para trabalhos de manobras. Outros cursos ligados ao tema transporte ferroviário podem ser aplicados mediante análise de necessidades. A utilização desses antigos funcionários prima pela valorização de seu conhecimento profissional e por conseqüência, possibilidade de nova inserção no contexto sócio-econômico estadual.
Aproveitamento de espaços inutilizados para criação de centro comercial, gastronômico, cultural e de entretenimento, para integração da comunidade com a ferrovia, bem como geração de infra-estrutura de apoio para recebimento de turistas e diversificação de espaços públicos de lazer.
Continuidade operacional de transporte regular de passageiros e pequenas cargas entre os Municípios de Santana e Serra do Navio e estudo de prolongamento da linha e atendimento de outras localidades. Reforma e ampliação das estações ferroviárias localizadas ao longo da linha e adequação de vagões para suprir as necessidades de turistas nacionais e internacionais.
Continuidade operacional de transporte especial da produção remanescente da reserva de manganês em Serra do Navio e outras potencialidades minerais situadas na região, bem como outros produtos, advindos de projetos agrícolas ou de extrativismo vegetal em larga escala implementados nas localidades circunvizinhas ou adjacências da ferrovia, facilitando o escoamento de suas produções através de vagões Hooper adaptados para transporte vegetal.
Área da Mineração
Dentre as inúmeras utilizações que podem ser atribuídas as instalações, mencionadas nos textos a seguir, algumas merecem especial atenção em virtude se seu isolamento técnico, dentre eles a torre de observação da ICOMI, que pode ser transformada num mirante de observação ecológica. Aqui podem ser aplicados dois princípios técnicos adequados ao tipo de maquinário passível de exposição. No pátio de estacionamento da ICOMI pode ser configurado o Museu a Céu Aberto, com exposição de máquinas e equipamentos impossíveis de recuperação mecânica, porém com a devida restauração visual. Já no Galpão de Mecânica pode ser reservado um espaço para exposição de peças e ferramentas utilizadas para manutenção de tais máquinas e equipamentos. Podem ser agregadas fotos históricas, documentos originais, maquetes das minas e do sistema de mineração. Utilização de Guias que trabalharam na própria Mineração em sua época áurea de transporte no estado, valorizando o conhecimento de cidadãos que estão sem atividade profissional e por conseqüência, excluídos de contexto sócio-econômico. Algumas referências análogas interessantes para observação são os Museus da Aeronáutica e do Automóvel, ambos localizados em São Paulo – SP.
Criação de mão de obra local para manutenção continuada do empreendimento, com aproveitamento de antigos técnicos da mineração atuando como instrutores e de parte do equipamento pesado, em cursos de mecânica pesada de caminhões, tratores e equipamentos de mineração, técnicos de apoio para operação de máquinas de torno e conseqüente capacitação como torneiros mecânicos, e por fim, operadores e condutores de máquinas pesadas de transporte e manobras. Outros cursos ligados ao tema mineração podem ser aplicados mediante análise de necessidades. A utilização desses antigos funcionários prima pela valorização de seu conhecimento profissional e por conseqüência, possibilidade de nova inserção no contexto sócio-econômico estadual.
Aproveitamento das máquinas e equipamentos passíveis de recuperação para exploração racional das reservas remanescentes de manganês e outros minerais existentes nas minas de Serra do Navio ainda não recuperadas ambientalmente. Utilização das máquinas e equipamentos sem recuperação para exposição no Museu a Céu Aberto da Mineração e nas aulas de capacitação profissional. Por fim, aproveitamento do parque automotor para minerações em outras localidades e possível manutenção de estradas vicinais e pavimentação asfáltica de estradas e ruas, com administração conveniada entre SEINF e Cooperativa Local de Operação de Máquinas e Equipamentos.
Aproveitamento minas com potencialidade extrativista para exploração racional das reservas remanescentes de manganês e outros minerais ainda existentes que possuem valor comercial que justifique a atividade mineradora.
Exploração turística das crateras
Algumas propostas aqui apresentadas podem ser verificadas em outras iniciativas desenvolvidas pelo Brasil. Referências diretas interessantes para observação podem ser verificadas nas Cidades de Campinas – SP (Pedreira do Chapadão, Parque Taquaral, Bosque dos Jequitibás) e em especial em Curitiba – PR (Parques Barigui, São Lourenço, Barreirinha, Bacacheri, Passaúna, Pedreira/Ópera de Arame e Bosque Zaninelli, que abriga a Universidade Livre do Meio Ambiente, dentre outros espaços).
A relação entre lavras minerais e espaço urbano tem, porém, se tornado conflituosa devido a uma série de fatores, com origem na concepção da lavra quando esta não prevê uma reabilitação do espaço físico resultante para fins seqüenciais urbanos. Decorre, portanto, um alto índice de abandono dessas áreas. Ressaltando a importância do "vazio", deixado pela mineração, propõe-se a adoção de critérios desenvolvidos na Arquitetura para revitalizar tais áreas de forma a orientar a atividade econômica que pode ser realizada nessas crateras. Aproveitar antigas minerações degradadas para realizar intervenções urbanísticas, e conseqüente transformação de tais espaços em parques, bosques, centros gastronômicos, desportivos, culturais e educacionais, faculdades ou espaços acadêmicos alternativos, hotéis, pousadas, palcos para grandes espetáculos a céu aberto, centros temáticos de botânica e zoologia, dentre outras atividades. As imagens a seguir demonstram alguns exemplos de sucesso verificados através da urbanização de pedreiras ou áreas degradadas, no intuito de disponibiliza-las para lazer público e desenvolvimento cultural e comercial do entorno urbano.
Aproveitamento das crateras ainda sem recuperação ambiental e que não foram tomadas por nenhum lençol freático, objetivando desenvolver um plano urbanístico específico de aproveitamento das encostas de minério como pano de fundo para consecução de palcos para espetáculos a céu aberto, hotéis, pousadas ou faculdades e espaços acadêmicos alternativos. Nessas crateras também se pode fazer a construção de túneis que levem a galerias internas, objetivando a visualização de uma mina em sua parte interior e criação de espaços de integração cultural ou social específicos.Verificar referências.
Verificadas as características fisico-químicas da água de cada um dos lagos criados pela natureza e confirmada a possibilidade de utilização sem risco para a saúde humana, bem como para a fauna e flora, poderá ser realizada a intervenção humana com espécimes de plantas subaquáticas nativas e povoamento diferenciado dos lagos, com peixes ornamentais em alguns e peixes comerciais e esportivos em outros, reservando cada ambiente respectivamente para mergulhos com equipamento de profundidade, pesca para consumo gastronômico local e pesca esportiva. Podem ser introduzidos pedalinhos ou equipamentos equivalentes para passeio nos lagos e teleféricos para a travessia dos mesmos, objetivando a visualização privilegiada de pontos estratégicos. Verificar referências.
Já as crateras reflorestadas podem ser utilizadas para passeios por trilhas ecológicas, prática de esportes radicais, implantações de parque zoobotânico e/ou horto florestal, com espécimes da flora e fauna regionais, reservando neste último caso os animais obtidos através de apreensões do IBAMA, que não podem ser reintroduzidos no meio ambiente original. Intervenções arquitetônicas tais como Centros Educacionais, Hotéis e Pousadas podem ser analisados para implantação. Verificar referências.
Vila Turística
Revitalizar a Vila de Serra do Navio, recuperando e preservando o plano urbanístico e arquitetônico criado pelo arquiteto Arthur Bratke, bem como, promover e implantar atividades de apoio para o desenvolvimento sócio-econômico da região, através de sua potencialização turística, cultural e acadêmica.
Resgatar as características arquitetônicas originais dos prédios e residências construídos pela ICOMI, objetivando a preservação do patrimônio arquitetônico nacional para as futuras gerações. Consiste também em adequar as instalações elétricas e hidráulicas das construções, no intuito de suprimir a incidência de incêndios ou infiltrações de água que venham a destruir as construções. Revitalizar os espaços urbanísticos de integração
municipal e desenvolvimento desportivo.
Visando diversificar e potencializar o turismo local, alguns detalhes podem ser inseridos de tal forma que venham valorizar a dinâmica de locomoção turística dentro da Vila ou entre os locais de visitação, como utilização de trenzinhos temáticos de tração automotora (Trator ou Jeep) , ônibus com janelas panorâmicas, jardineiras da década de 50, passeios em carroças de tração bubalina ou outros meios possíveis de utilização. Lojas de conveniência com produtos regionais, decoradas como na década de 50, mas que trabalham com artesanato e culinária popular local, valorizando a identidade regional, bem como, outras atividades comerciais de apoio que valorizem e diversifiquem a presença turística na região, tais como restaurantes com pratos exóticos e/ou culinária internacional.
Um comentário:
OI SR. PAULO,
ESTOU MARAVILHADA COM SEU BLOG! QUERO SABER SE POSSO COPIAR AS FOTOS, POIS MOREI LÁ DURANTE 7 ANOS E MORRO DE SAUDADES DAS CASAS, DA VILA AMAZONAS. SERÁ QUE VC NÃO TEM FOTOS DA VILA AMAZONAS? MEU MARIDO ERA SUPERINTENDENTE DO PORTO DA ICOMI, FIQUEI LÁ DE 1973 ATÉ 1981, SINTO SAUDADES E TENHO VONTADE DE VOLTAR LÁ. O QUE FIZERAM COM AS CASAS? VENDERAM?
OBRIGADA PELA ATENÇÃO E PARABÉNS POR ESTE DOCUMENTÁRIO MARAVILHOSO...SENTI SAUDADES SÓ DE LER!
EUGÊNIA BOMFIM
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